
Em meio a uma pandemia, a Nave Gris Cia Cênica, com o apoio de alguns coletivos e grupos, embarcou em outra linguagem, a videodança Corredeira que se origina da ligação das águas ao saber ancestral do corpo feminino.
Dançado pela bailarina e diretora artística Kanzelumuka, o solo Corredeira estreou em 2017. E para essa versão, a companhia partiu da estrutura da dramaturgia original do espetáculo. Manteve o propósito inicial do projeto de materializar a relação com as águas, estabelecendo uma relação direta com espaços da cidade de São Paulo marcados pela presença de rios.
O projeto contou com diversas atividades visando a difusão da produção artística da companhia e de sua atuação cultural. Tudo isso feito na circulação de seus espetáculos, Corredeira e A-VÓS, e da realização de ações (per)Formativas que se relacionam com o veios poéticos de cada um de seus espetáculos.
“Esse projeto reflete e potencializa a atuação da companhia que, desde seu princípio, tem associado transversalmente produção artística à realização de ações formativas e encontros que possibilitem espaços para a troca de saberes e experiências com outros artistas e coletivos”, ressalta Kanzelumuka.
Corredeira aprofunda nas relações entre manifestações culturais negras em seu contexto tradicional e litúrgico e a criação em dança contemporânea.
Investiga, assim, como elementos presentes nas culturas afro-brasileiras podem mover, nutrir e embasar uma produção cênica que não recorra à mimetização de suas formas. Mas que compreenda seus princípios e meios de resistência e reinvenção.
A videodança foi filmada em três regiões da cidade de São Paulo: Parque Linear Cantinho do Céu às margens da Represa Billings, na sede e no entorno do Coletivo Cultural Esperança Garcia em Taipas, na Zona Noroeste, e às margens do rio Tietê, e no Jardim Romano, na Zona Leste.

“A presença dos espaços amplifica a dimensão do movimento para além do corpo e da ação da bailarina; o espaço também dança, incorporando ao trabalho outros significados”, diz Murilo De Paula, também diretor artístico da Nave Gris e que assina a codireção e dramaturgia da obra.
Além do projeto Corredeira, acontece também o lançamento do livro Acordar O Chão: Dramaturgias Em Danças Contemporâneas Negras. O
s textos foram inspirados nas ações (per)formativas do projeto: GIRA – Mostra Nave Gris de Videodança e Dramaturgias em Danças Contemporâneas Negras – Gira de Debate.
“Reconhecemos nestas falas públicas, que foram transcriadas em formas de artigos e ensaios, a pertinência e importância na elaboração de um pensamento crítico e poético sobre as dramaturgias produzidas para a dança, e mais especificamente para danças feitas por artistas negros(as)(es), enraizadas, referenciadas nas culturas afro diaspóricas e ameríndias”, revela Murilo de Paula.
O livro também conta com um texto escrito a quatro mãos pelos organizadores da publicação Murilo De Paula e Kanzelumuka, que trata das construções dramatúrgicas nos processos criativos da Nave Gris Cia Cênica.
Na Nave Gris Cia Cênica as culturas afro-brasileiras e ameríndias estão presentes como motores na pesquisa e produção artística. Com o espetáculo A-VÓS, foi considerado um dos melhores espetáculos de dança de 2018 pelo júri do Guia Folha de São Paulo.
Corredeira
De 29/07 a 15/08, de 29/07 a 15/08, quinta a domingo, 20h.
Canal do YouTube da Nave Gris
Acordar o Chão: dramaturgias em danças contemporâneas negras
25/08/2021, 20h.
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